sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Por cinco minutos de fama


Ele quis galgar o merecido status de homem bem-sucedido e de empresário de renome e de talento empreendedor, foi por isso que renunciou ao seu amor camponês, puro como o mais fresco riacho e como os mais tenros morangos silvestres, para afogar-se em matrimônio frígido e insípido com a socialite sem graça, mas tapada na grana.
Ela quis exibir sua beleza angelical de pele alva e cabelos dor-do-ouro na capa da revista, foi por isso que deixou de lado seus exigentes padrões estéticos e suas expectativas afetivas juvenis para enlaçar-se com o editor de caráter duvidoso e feições repugnantes.
Ele quis curtir uma de bon vivant e aproveitar os prazeres que o mundo lhe oportunizava e lhe oferecia de bandeja, foi por isso que largou o cargo de confiança na empresa da família e abandonou a esposa com câncer e dois filhos pequenos e dependentes para aventurar-se em viagens exóticas regadas à orgias gastronômicas, bebidas, e sexo fácil e descartável.
Ela quis realizar seu sonho infante de cantar em programas de televisão em rede nacional e fazer sucesso estelar, foi por isso que abandonou as fervorosas e dedicadas orações e os cândidos louvores do coral da igreja para começar a cantar funk com letras de conteúdo pouco bíblico e coreografias pagãs.
É... Tem muita gente que vende a alma, por cinco minutos de fama.

(Danilo Kuhn)


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