A vós que ardestes nas brasas da incompreensão, eu rogo compreensão.
Porque cá na Terra não mais me entendem, tapam os ouvidos, desviam o olhar.
Ninguém fala a minha língua, me parece que cada um tem a sua. Ninguém
conversa comigo, me parece que só escutam a si mesmos.
A vós que fostes fiel e corajoso, eu suplico amizade. Porque cá na Terra
a traição é epidemia, e a covardia é lei. Amigos apunhalam-me pelas costas,
inimigos não têm coragem de mostrar a face.
A vós que sabeis que a verdadeira riqueza é a bondade, eu imploro
intercessão. Intercedei no meu coração e ilumina-o, livra-o de todo o mal,
porque a escuridão do mundo ameaça anoitecer-me. E que a centelha acendida em
mim por vós incendeie meu coração e que as trevas se rendam às chamas.
Amém.