Desde a aurora de nossas vidas, recorremos mundo em
direção ao pôr-do-sol.
Há dias ensolarados, quando irradiamos felicidade,
boa-vontade e otimismo.
Há dias nublados, de céu encoberto, neblina da alma, em
que mal sabemos para onde ir, onde estão nossos sonhos, nosso chão.
Há também dias de tempo feio, viração, temporais em
nossos adentros que, depois de nos revolucionar, trazem a bonança.
Dias de chuva a encharcar o chão e os olhos.
Dias de seca no coração.
Dias de vento da mudança.
Dias de calor, primavera do amor.
Dias de hibernação.
Mas um dia chega o dia do nosso entardecer. Antes mesmo
de ele chegar, sentimos que se aproxima, pois todo o dia sabe que seu destino é
o horizonte. Todos nós temos uma bússola; buscamos um norte durante a vida, mas
rumamos sempre para o oeste, ao crepúsculo.
É preciso, portanto, saber entardecer. E a melhor
maneira é manter auroras na alma.
Quem entardece sem lume no olhar, se apaga.
Quem entardece sem brio, se curva.
Quem entardece sem lutar, se entrega.
Quem entardece sem amor, não ouve estrelas.
Quem entardece sem fé, anoitece.
Não é porque o sol sabe do poente que ele não brilha.
É preciso saber entardecer.
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