quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Adote um bichinho!


        Acarinhava meu cachorrinho de estimação todos os dias ao sol do meio-dia, o qual eu havia escolhido dentre tantos de uma ninhada porque, ao me agachar, ele não pensou duas vezes e foi subindo pela minha roupa até alcançar minha face e me lamber. Ele me acompanhou por quinze anos, metade da minha vida. Eu e meu pai o enterramos, passamos meses vendo um vulto branco a nos acompanhar. Eu sempre sabia quando o pai passava de caminhonete perto do colégio, eu reconhecia a voz do meu cachorro latindo da carroceria. Até hoje o meu pai se engana, vez em quando, e chama de “Sucata” o Bóris, nosso atual cachorro.
Lembro que certa vez adotei uma gata de rua, batizada de “Só Love” porque era muito carinhosa. Ela deu sete filhotinhos, e neles coloquei fitinhas com a inscrição “me adote”, para lhes arrumar um bom dono.
Tive porquinhos-da-índia, que meu pai dizia terem fugido de uma aldeia e que a dita índia os estava procurando desde então. No entanto, quem ficou procurando por anos fui eu. Meus pais acharam os porquinhos mortos, o viveiro aberto, provavelmente pelo Sucata. Para eu não ficar bravo com o cachorro, me mentiram que eles tinham fugido. Lembro de ter ficado dias procurando, dando voltas na quadra. Só fiquei sabendo a verdade vinte anos depois!
Eu também tive hamsters: um deles, certa vez, se escondeu detrás do vão da minha escrivaninha, me deixando muito preocupado; outro, um vizinho sequestrou, eu vi ele e um amigo dele pulando o muro de casa, fugindo com o hamster, depois eu reclamei para a mãe dele e somente uma semana depois o bichinho reapareceu; e outro que o Sucata matou, pois havia fugido da gaiola, quando resolvi cremar o pequeno roedor, com direito a ritual e comoção.
Também tive um cachorrinho, filho do Sucata, que morava no sítio, o qual batizei de “Caim” com o intuito de dizer aos meus amigos que o meu cachorro era o único no mundo que sabia dizer o nome dele, bastava pisar em seu rabo. Ainda bem que nunca fiz isto, nem deixei que o fizessem.
E lembro que um dia eu e minha irmã ganhamos de presente um hamster cada um. Era um macho e outra fêmea. Eu, mais velho, me adiantei e disse “o meu é macho”! Minha irmã, para não perder, e com aquela criatividade inocente e perspicaz que só uma criança pode ter, por sua vez, disse “e a minha é macha”!
Ah! Estas histórias... Só pode contar quem já adotou um bichinho...
E você? Tem histórias como estas para contar? Não? Então... Adote um bichinho!


(Danilo Kuhn)



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