quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Não falem mal da chuva mansa!


Não falem mal da chuva mansa!
Há pessoas feitas de sol, que brilham intensamente, irradiam energia, luz, calor. São tão intensas, mas tão intensas, que por vezes queimam as flores delicadas, a relva jovem, as poças rasas.
Há pessoas feitas de lua, de olhar noturno e sedutor, e falam palavras de prata. São muito envolventes, e por este motivo, se envolvem sempre e superficialmente, abraçam sombras.
Há pessoas feitas de bruma, envoltas em mistério, que embaçam a vista, interessantes a perder-se de vista. Vaporosas, são fugidias. Escapam por entre os dedos. Não se deixam prender.
Há pessoas feitas de tempestade, impossíveis de se desaperceber, que têm olhos de raio, voz de trovão. De tão fortes que desejam ser, deixam à mostra sua maior fraqueza: a solidão.
Mas há também pessoas de chuva mansa. Pacientes, persistentes, perseverantes. Estas sim, bem regam do mais delicado jardim à mais sedenta lavoura, são equilíbrio entre luz e sombra, som e silêncio, calma e pressa, acariciam as plantas, se prendem às verdes folhas, abastecem rios sem desbarrancá-los, congregam céu e terra de maneira salutar.
Quem é chuva mansa, chove sabiamente.
Não falem mal da chuva mansa!


(Danilo Kuhn)


Nenhum comentário:

Postar um comentário