Vento que sopra em livre-arbítrio, às vezes brisa mansa, às vezes
vendaval, trazendo consigo sonhos migrantes de além-mar, velas içadas, peito
aberto, balé das árvores e das ondas, o voo das aves, bater de asas.
Água que em espelho-d’água reflete céu e sol e arrebol, que serpenteia
matas, lava e refresca a alma, sacia a sede, ondeia ao vento, e que revida a
ação nociva do homem com a fúria da natureza em enxurrada.
Areia do tempo que escorre feito água por entre os dedos, que é o
trabalho do tempo nos transformando em pó, que é cada um de nós, um grão de
areia ao sabor do vento e à mercê do tempo.
Pedra austera e paciente, que a tudo observa e de tudo sabe, viu séculos
e séculos de história e conhecimento, ao tempo não esmorece, mas aceita os
beijos do vento e da água, até aos poucos também se transformar em areia.
Vento,
água, areia e pedra nos acenam à beira da praia, perfeito equilíbrio entre
liberdade, fluidez, humildade, e solidez. Olhemos para a praia, e aprendamos com
ela.
(Danilo
Kuhn)
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